Terminou sem acordo a audiência de conciliação entre a Telexfree e o
Ministério Público do Acre (MP-AC), realizada nesta quinta-feira (14). O
resultado era esperado, uma vez que os promotores querem o fim da
empresa, acusada de ser uma pirâmide financeira com cerca de 1 milhão de
integrantes, e a devolução das verbas por eles investidas.
"Nenhuma
chance. Não podemos dispor de nenhum dos pedidos que estão na ação
principal [em que são exigidas a extinção da empresa e a devolução das
verbas]", disse, antes do encontro, Alessandra Marques, promotora que
participou da audiência.
As duas partes, entretanto, chegaram a
apresentar propostas, diz a juíza Thaís Khalil, da 2ª Vara Cível de Rio
Branco e responsável pelo caso.
"Mas não chegaram a nenhum acordo. Travamos um debate", afirmou Thaís, ao iG.
Um
eventual acordo poderia abrir caminho para que a Justiça levantasse o
bloqueio da contas e atividades da Telexfree, imposto há 149 dias pela
juíza. O pedido de congelamento foi feito pelo MP-AC, com o argumento de
garantir que os recursos estejam disponíveis para ressarcir os
integrantes da rede, chamados de divulgadores.
Essa devolução,
entretanto, dependerá de a Telexfree, de fato, ser condenada na ação
principal. O fim do julgamento desse processo, que também tramita na 2ª
Vara Cível, dificilmente ocorrerá neste ano, segundo Thaís.
Antes
de decidir, a juíza precisará analisar questões preliminares – por
exemplo, se o MP-AC tem legitimidade para processar a Telexfree. Além
disso, tanto a empresa como os promotores pediram a realização de
perícias, o que leva tempo.
"Para haver decisão de mérito,
preciso passar primeiro para produção da prova. E, e como as duas
pediram perícia judicial, é improvável que isso se resolva até o final
do ano."
Enquanto isso não ocorrer, quem entrou com ação
individual para tentar obter as verbas de volta também não deve
conseguir ter o dinheiro de volta, mesmo que obtenha uma decisão
favorável. Como o iG ? ? mostrou, os divulgadores haviam conseguido ao
menos 50 vitórias contra a Telexfree até início de outubro, mas a juíza
Thaís tem evitado o pagamento das verbas até o julgamento final da ação
principal.
Horst Fuchs, um dos advogados da Telexfree, procurado antes da audiência, informou que não comentaria a tentativa de acordo.
Liberação
Os
advogados da Telexfree têm tentado liberar as contas e atividades da
empresa antes do julgamento final da ação, sem sucesso. Todos os pedidos
já analisados até agora pelo Tribunal de Justiça do Acre (TJ-AC), pelo
Superior Tribunal de Justiça (STJ) e pelo Supremo Tribunal Federal (STF)
foram negados.
A empresa aguarda, agora, a análise de dois
novos recursos ao STF e pelo STJ. Os desembargadores do Acre já
autorizaram que os pedidos fossem apreciados em Brasília, mas também
recusaram a liberação das contas antes do julgamento de ambos.
Os representantes da Telexfree sempre negaram irregularidades.
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