Cinco ministros ainda vão votar sobre recurso que pode levar 12 réus a novo julgamento pelo STF
O Supremo Tribunal Federal (STF) encerrou a sessão desta quarta-feira
(11) com placar de 4 votos a 2 a favor da possiblidade de um novo
julgamento, por meio do recurso conhecido como embargo infringente, para
12 réus condenados na Ação Penal 470, o processo do mensalão. A sessão
foi interrompida após o voto do ministro Dias Toffoli, que foi favorável
à validade do recurso. Faltam os votos de cinco ministros. A análise
dos recursos continua nesta quinta-feira (12).
Toffoli entendeu
que a Lei 8.038/1990, que estabeleceu as ações cabíveis nos tribunais
superiores, confirmou a validade do Artigo 333 do regimento interno do
STF, que prevê a possibilidade dos embargos infringentes. “A Lei 8.038
confirmou o regimento interno como meio normativo processual para a
realização do julgamento e o seu prosseguimento”, disse.
Na
sessão de ontem, além de Toffoli, os ministros Luís Roberto Barroso,
Teori Zavascki e Rosa Weber votaram a favor dos recursos. Somente os
ministros Joaquim Barbosa e Luiz Fux votaram contra os embargos
infringentes.
Nesta fase do julgamento, os ministros analisam
se os embargos infringentes são cabíveis. Embora esse tipo de recurso
esteja previsto no Regimento Interno do STF, uma lei editada em 1990
sobre o funcionamento de tribunais superiores não faz menção ao uso da
ferramenta na área penal.
Se for aceito, o embargo infringente
pode permitir novo julgamento quando há pelo menos quatro votos pela
absolvição. A situação atende a pelo menos 12 réus: João Paulo Cunha,
João Cláudio Genu e Breno Fischberg (no crime de lavagem de dinheiro);
José Dirceu, José Genoino, Delúbio Soares, Marcos Valério, Kátia
Rabello, Ramon Hollerbach, Cristiano Paz e José Salgado (no de formação
de quadrilha); e Simone Vasconcelos (revisão das penas de lavagem de
dinheiro e evasão de divisas).
Gilmar Mendes reclama
O
ministro Gilmar Mendes reclamou ontem da demora do julgamento do
mensalão, que se arrasta no Supremo Tribunal Federal desde 2007. Apesar
disso, admitiu que é no STF onde o processo sobre o esquema anda mais
rápido.
“Estamos todos exaustos desse caso”, disse, emendando
que “o discurso de que a primeira instância é mais célere, neste caso,
revelou-se inconsistente, uma balela”, disse Mendes.
Com a
expectativa de uma decisão apertada, os ministros do Supremo analisam a
análise dos recursos do mensalão e devem decidir se 12 dos 25 condenados
terão direito a um segundo julgamento.
Antes da sessão, Gilmar
Mendes defendeu um novo modelo para julgar autoridades, mas ponderou que
o fim do foro privilegiado não significa, necessariamente, mais
celeridade na análise de ações envolvendo pessoas que podem ser julgadas
apenas por tribunais superiores.
“O discurso antiforo ou
contra a prerrogativa de foro, na prática, tem pouco significado. Nesse
caso, o processo que andou foi o que ficou no Supremo. Até agora não
temos condenação do processo do mensalão que estão primeira instância”,
disse Mendes.
Para o ministro, contudo, a demora numa decisão
final do julgamento do mensalão, o maior da história do Supremo, pode
levar a uma insegurança jurídica.
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