"A HUMILDADE DO PREFEITO"
Sob o
ponto de vista de que o trabalho é o mais seguro e o melhor abrigo contra a
pobreza, ainda é necessário dizer que quem quer fazer alguma coisa encontra um
meio para fazer; quem não quer fazer nada encontra uma desculpa para não fazer.
Sem
haver ninguém que lutasse pelos cidadãos de bem menos favorecidos do município
de Paulista que tinham algum problema oftalmológico, como catarata, glaucoma,
dentre outros, e não tinham condições de fazerem o tratamento, eu me dispus a lutar
e consegui o apoio de duas clínicas, em Campina Grande, da Clínica de Olhos
Francisco Pinto e da FOP: Fundação de Olhos da Paraíba, para prestar esse
trabalho humanitário e voluntário a quem quer que dele viesse a precisar.
Segundo
a PPI: Programação Pactuada Integrada, Paulista só tinha direito a cinco
cirurgias de catarata e a cem diagnoses por ano em Campina Grande, mas não
tinha nenhum governante ou “responsável” de Paulista que lutasse junto ao
Sistema Único de Saúde para que as pessoas tivessem acesso a esse direito. Neste
ínterim, descobri uma maneira de fazer com que esse direito constitucional
fosse garantido aos pacientes de Paulista e tive muito prazer em me sentir útil
aos meus conterrâneos. O nosso trabalho teve início em 2008 e, também porque
era um ano eleitoral, aproveitei-me da deixa para ajudar a um amigo, Severino
Pereira Dantas, em sua candidatura para o cargo de prefeito, que foi eleito com
4.042 votos, 48 votos de maioria para o segundo colocado, Dr. Carrinho, que
recebeu 3.994 votos.
Enquanto
Severino era apenas candidato a prefeito, ele dizia que o trabalho que eu
estava realizando em Campina Grande com os pacientes de Paulista teria de ser
valorizado e eu teria de ser remunerado pelo meu trabalho. Foi aí que me
empolguei e, quando as cirurgias e tratamentos não podiam ser feitos pelo SUS,
eu assumia as despesas adicionais, claro que com o aval do prefeito eleito,
Severino, dizendo ele que a prefeitura pagaria tudo o que fosse gasto com os
pacientes.
Tudo
estava acontecendo dentro da normalidade e, como o eleitor honesto vota no
candidato que assume o compromisso de bem representá-lo quando chegar ao poder,
Dona Henriqueta fez uma grandiosa festa em homenagem a Severino. Nessa festa,
Dona Henriqueta pediu uma cirurgia de catarata ao prefeito eleito, Severino,
que, talvez para se livrar daquela responsabilidade, “autorizou-me” a resolver
o problema.
Pouco
tempo depois, o motorista de uma das ambulâncias de Paulista fez um “movimento”
para que as clínicas de oftalmologia de Campina Grande deixassem de atender aos
pacientes de Paulista, encaminhados por mim. É óbvio que fui tratar, com o
prefeito, das dívidas contraídas com a compra de medicamento para os pacientes,
além de outras adicionais, e da questão do motorista da ambulância ter “denunciado”
o serviço que vínhamos executando em Campina Grande em prol do município de
Paulista. O senhor prefeito me recebeu muito mal, diferentemente de quando era
ele que estava precisando de apoio. De início, ele disse que a prefeitura de
Paulista não podia arcar com as despesas contraídas com a compra de
medicamentos, além de outras adicionais; em seguida, Severino Pereira Dantas me
falou que se eu saísse de seu partido, PTB, eu iria sofrer as consequências e
iria ser tratado como adversário e perseguido como adversário.
Mesmo
assim, eu ainda continuei ajudando ao meu grande amigo, Abraão Xavier, enquanto
ele era Secretário de Saúde de Paulista, pois ele não sabia digitar e precisava
de uma pessoa confiável para elaborarmos o Plano de Saúde do Município de
Paulista, a Nova PPI: Programação Pactuada Integrada, além de outros programas
e projetos relativos à Pasta da Saúde. Enquanto ele, Abraão Xavier, era
Secretário de Saúde de Paulista, idealizamos e reivindicamos o CEO: Centro de
Especializações Odontológicas, o SAMU: Serviço de Atendimento Móvel de Urgência,
Postos de Saúde (obras inacabadas) e a aprovação de uma verba adicional no
valor de R$ 154.000,00 (Cento e cinquenta e quatro mil reais) para a Secretaria
de Saúde de Paulista fazer cirurgias seletivas, sobretudo, de catarata, tudo
publicado no Diário Oficial da União.
Quando o meu
amigo, Abraão Xavier, mostrou-me a publicação do Diário Oficial da
União em que o Ministério da Saúde libera a verba adicional no valor de R$
154.000,00 (Cento e cinquenta e quatro mil reais) para a Secretaria de Saúde de
Paulista fazer cirurgias seletivas, sobretudo, de catarata, fiquei extremamente
feliz porque fomos nós dois, Abraão e eu, que fizemos o projeto e conseguimos
sua liberação. No entanto, o senhor prefeito determinou que o meu amigo Abraão
Xavier não permitisse que eu, sequer, entrasse na Secretaria de Saúde de
Paulista. Como o meu amigo Abraão Xavier não tinha coragem de me dar o recado,
o prefeito mandou Chagas Valério e Ramiro para me expulsarem das dependências
da Secretaria de Saúde de Paulista e não mais cruzar os pés naquele ambiente. É
claro que o gestor público fez isto porque ele formou, em Paulista, o Pentunvirato,
uma ditadura fechada, antidemocrática e desumana onde quem manda é: Severino, o
prefeito; Galega, a Primeira Dama; Manoelzinho, o genro do prefeito; Niltinho,
o sobrinho, vereador e futuro prefeito de Paulista e Chagas Valério, o
marqueteiro do prefeito. Tudo o que se fizer de “bom” em Paulista, o mérito tem
de ser atribuído a esse Pentunvirato. Até mesmo uma consulta, uma pequena
cirurgia ou um atendimento de emergência prestado a alguém, a Primeira Dama,
sobretudo, constrange a vítima a agradecer ao prefeito pelo serviço prestado.
Com medo
de serem humilhadas pelo prefeito, algumas pessoas
me procuraram para ajudá-las a continuarem, sobretudo, com o tratamento de
glaucoma que eu lhes conseguira na Fundação de Olhos da Paraíba e na Clínica de
Olhos Francisco Pinto, em Campina Grande. Para isto, eu teria que pedir ao
senhor prefeito. Como eu sabia que havia verbas disponíveis no
valor de R$ 154.000,00 (Cento e cinquenta e quatro mil reais) na Secretaria de
Saúde de Paulista para fazer cirurgias seletivas, sobretudo, de catarata, pedi ao senhor prefeito que autorizasse apenas duas cirurgias de
catarata para as duas pacientes idosas, dona Maria José e dona Henriqueta, inclusive,
a quem o próprio prefeito havia prometido. Todavia, como faz mais quem quer do
que quem pode fazer, principalmente em se tratando de político, e, no caso,
havia mais de dois anos que o prefeito prometera as cirurgias de dona Maria José
e de dona Henriqueta, dona Maria José falou com a família e me pediu para eu
marcar a cirurgia particular com o excelente oftalmologista, Dr. Daniel Stropp.
Marquei as cirurgias de dona Maria José e de dona Henriqueta para serem feitas
por Dr. Daniel Stropp no dia 21/12/2010. A cirurgia de dona Maria José, seus
filhos iriam pagar e a cirurgia de dona Henriqueta seria paga com o meu 13°
salário.
Até aí, tudo bem. Mas, quando, como gesto de respeito e humildade,
fui saber do senhor prefeito se não havia outras pessoas para fazer cirurgias
de catarata naquele mesmo dia para o qual estavam marcadas a cirurgias de dona
Maria José e de dona Henriqueta, o homem me humilhou em plena praça pública.
Estávamos bem defronte a residência de uma pessoa do seu grupo familiar quando
ele me desacatou, dizendo-me que eu não era nada na vida nem nunca iria ser;
que quem mandava na Secretaria de Saúde eram ele, a esposa, a filha e o genro;
que quem iria dar a cirurgia de dona Maria José e de dona Henriqueta era ele,
mas só quando estivesse perto da eleição para que tanto elas como suas famílias
não esquecessem de que foi ele quem deu; que havia desmarcado as duas cirurgias
que eu havia agendado com Dr. Daniel Stropp para o dia 21 de dezembro.
O senhor prefeito de
Paulista chegou ao auge da arrogância e do egoísmo quando desmarcou as cirurgias
que eu havia agendado com Dr. Daniel Stropp, cirurgias essas que seriam pagas
com o dinheiro dos filhos de dona Maria José e com o meu 13° salário. Mas, a
humilhação foi maior quando o senhor prefeito me disse que não mais daria o
transporte para eu levar os pacientes que faziam tratamento de glaucoma em
Campina Grande e, também que, quem quisesse cegar ou morrer por ele ser quem manda em
Paulista, que cegasse e morresse. É claro que o prefeito estava
indignado porque não foi ele quem conseguiu as cirurgias de catarata nem os
tratamentos de glaucoma para as pessoas que precisava de ajuda. Dias depois de
ter avisado aos pacientes que eu não tinha mais condições financeiras de pagar
o transporte para levá-los para fazerem os tratamentos em Campina Grande, o
senhor prefeito saiu denegrindo minha imagem dizendo que ninguém acreditasse em
mim porque eu era um mentiroso.
Não, eu não
sou mentiroso porque não sou candidato. Agora, como qualquer outro político, o
senhor prefeito de Paulista é trapincola e egocêntrico, interlocutor premente
da falácia. Não, ele não é o centro do universo e sim mais um politiqueiro
usurpador da consciência alheia, pois quem assume um compromisso com alguém que
dependa desse compromisso assumido para fazer fluir suas convicções de equidade
social e não o cumpre, ele é um usurpador, um ladrão da consciência alheia. A
minha opinião é a de que um verme tenha bem mais honra e dignidade do que um
político mentiroso. Mas, se ele não fosse mentiroso, com certeza, não seria
político. Acreditei – fui enganado – e acredito, única e exclusivamente, na
“palavra” do homem, pois um homem sem palavra ou é mudo, ou é verme, ou é
político, só não é homem; e, sendo político, ele é mentiroso e sendo mentiroso,
ele é objeto direto da minha repugnância.
Entretanto,
gostaria de avisar a todos os pacientes que fazem tratamentos de glaucoma em
Campina Grande que irei continuar com o meu trabalho e todos terão esse direito
constitucional garantido sem precisarem humilhar-se a ninguém.
Autor: Abel Alves
Celular: (83) 98023208
E-mail: abelmetacritica@hotmail.com
Blog: http://abelmetacritica.blogspot.com
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