A CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do
Brasil) divulgou nesta quinta-feira (26) um comunicado sobre as eleições
municipais deste ano em que pede que a lei da Ficha Limpa também seja
aplicada para o preenchimento de cargos comissionados nas prefeituras.
A nota foi divulgada na cerimônia que marcou o último dia da 50ª
Assembleia Geral da CNBB, que ocorreu no Santuário de Aparecida (180 km
de São Paulo).
No documento, assinado pelo presidente da CNBB, dom Raymundo
Damasceno Assis, o vice da organização, dom José Belisário da Silva e o
secretário-geral, Leonardo Steiner, os bispos afirmam que os votos nas
eleições municipais "têm consequências para a vida do povo e para o
futuro do país".
"Aos eleitores cabe ficarem de olhos abertos para a ficha dos
candidatos e espera-se da sociedade a mobilização, como já ocorre em
vários lugares, explicitando a necessidade da 'Ficha Limpa' ser aplicada
também aos cargos comissionados para maior consolidação da democracia.
Desta forma, dá-se importante passo para colocar fim à corrupção, que
ainda envergonha nosso país."
De acordo com o presidente da CNBB, "há um desejo de toda a
população de que a Ficha Limpa não seja aplicada só aos políticos, só
aos candidatos a prefeito e vereador, mas todos aqueles que vão ocupar
um cargo".
A CNBB é uma das entidades da linha de frente do MCCE (Movimento
de Combate à Corrupção Eleitoral), que reuniu mais de 1,5 milhão de
assinaturas para propor o projeto de lei de iniciativa popular que
resultou na Lei da Ficha Limpa aprovada pelo Congresso e sancionada em
2010.
Dom Raymundo Damasceno Assis também afirmou que espera que os
políticos católicos cumpram suas funções com responsabilidade e a
serviço da comunidade.
A CNBB também apontou qual é, na sua visão, o perfil ideal de um
candidato. "Estes [candidatos] devem ter seu histórico de coerência de
vida e discurso político referendados pela honestidade, competência,
transparência e vontade de servir ao bem comum. Os valores éticos devem
ser o farol a orientar os efeitos, em contínuo diálogo entre o poder
local e suas comunidades", afirma a nota da CNBB.
Os bispos disseram ainda que os eleitores têm o dever de acompanhar a atuação dos candidatos depois das eleições.
"O exercício da cidadania, no entanto, não se esgota no voto. É
dever, especialmente de quem vota, a corresponsabilidade na gestação de
uma nova civilização, fundamentada na defesa incondicional da vida,
desde a fecundação até a morte natural; na promoção do desenvolvimento
sustentável, possibilitando a justiça social e a preservação do
planeta."
ASSEMBLEIA
Iniciada no dia 18 de abril, a assembleia deste ano teve caráter
comemorativo. Além de celebrarem o 50º encontro, os bispos reunidos em
Aparecida também comemoraram os 60 anos da CNBB e os 50 anos do início
dos trabalhos do Concílio do Vaticano 2, que implementou reformas
profundas na Igreja Católica.
Trezentos e trinta cinco bispos compareceram à assembleia. O tema
principal desta assembleia foi a "Palavra de Deus na vida e missão da
Igreja", em que os religiosos refletiram sobre a Bíblia como instrumento
de evangelização.
Também foram discutidos os preparativos da Jornada Mundial da
Juventude, que será realizada em julho de 2013 no Rio de Janeiro e
contará com a presença do papa Bento 16.
Fonte: Da Folha.com