quarta-feira, 31 de julho de 2013

Motorista da campanha de Ricardo depõe na PF sobre o Jampa Digital


Um motorista que trabalhou em 2010 para a campanha do governador da Paraíba, Ricardo Coutinho (PSB), afirmou à Polícia Federal ter recebido pagamentos de uma empresa fantasma suspeita de "lavar" dinheiro público desviado da Prefeitura de João Pessoa.

A empresa fantasma, segundo a PF, é a Brickell Internet e Processamento de Dados Ltda, operada, durante a campanha, por um executivo da Mkpol, empresa de marketing político do publicitário Duda Mendonça, que prestou serviços a Coutinho durante o 1.º turno.

Segundo a PF, a empresa fantasma camuflou repasses de dinheiro saído de um contrato entre a Ideia Digital e a Prefeitura de João Pessoa quando ela era administrada por Coutinho.



Em 2009, a prefeitura contratou a Ideia por R$ 6,6 milhões para instalar o programa Jampa Digital – distribuição de internet grátis para a população carente de João Pessoa. Laudo pericial aponta superfaturamento de R$ 1,662 milhão. A Brickell ficou com R$ 800 mil.


O motorista Roberto Gomes Silva Filho disse à PF que conduzia a equipe de filmagens da campanha de Coutinho. Servidor da Universidade Federal da Paraíba, ele recebeu três pagamentos da Brickell, no total de R$ 3,3 mil. O pagador foi Samuel Vieira Martins, motoboy funcionário de Duda. Ele fez depósitos em diversas contas que somaram R$ 104,7 mil.
"Não dá para imaginar que o candidato não tenha noção de onde vêm os recursos para sua campanha, mesmo porque ninguém se aventura em uma candidatura dessa natureza sem que tenha um respaldo financeiro certo", afirmou em despacho à Justiça o procurador regional da República Domingos Sávio Tenório de Amorim.


O procurador suspeita que o vice de Coutinho, Rômulo Gouveia (PSD), se beneficiou. "Há uma ligação íntima entre a empresa Ideia, a fantasma Brickell, Duda, Ricardo Coutinho e Gouveia, que fatalmente decorre do direcionamento dos recursos desviados do projeto Jampa em prol das candidaturas dos mesmos ao governo da Paraíba", escreveu Amorim.
"O sr. Ricardo Coutinho terminou como o grande beneficiário da maior parte dos recursos desviados, utilizados que foram na sua vitoriosa campanha a governador", afirma o procurador. "Os recursos vindos da empresa fantasma foram destinados ao pagamento dos empregados de empresa que participou da campanha política do governador."
Estadão

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