Dois pacientes, uma mulher e uma criança, podem ter morrido no município de Paulista, no Interior do Estado, em consequência de erros no atendimento prestado pelos seis estudantes de medicina que estavam exercendo a profissão antes do final do curso, no Hospital Emeretina Dantas. Os estudantes devem ser indiciados por homicídio com dolo eventual, estelionato, fraude, prescrição de medicamentos controlados e atentado grave ao puder, por realizarem exame de toque, inclusive em gestantes. Quatro deles prestaram depoimento, ontem pela manhã, no Grupo de Operações Especiais (GOE), na Capital.
Os jovens foram ouvidos pelo delegado de Paulista, Roberto Barros, e pelo delegado Regional de Catolé do Rocha, André Rabello. Segundo Barros, um dos outros dois acusados está em Campina Grande e manifestou-se à disposição da justiça para prestar esclarecimentos. Ele deve ser ouvido ainda esta semana. O último suspeito ainda não foi localizado. Os estudantes atuavam há cerca de dois anos no Hospital Emerentina Dantas, único hospital de Paulista. Após serem ouvidos, os estudantes foram liberados.
O delegado Roberto Barros explicou que está investigando desde fevereiro quando foi feita denúncia, através do Conselho Regional de Medicina (CRM-PB), e que desde então, a polícia estava levantando dados para indiciar os suspeitos, os estudantes Kayobruce Medeiros, Lonardo Rodrigues, Alysson Gomes, José Cassimiro da Silva, Humbero Almeida e Raoni Araújo.
Ainda de acordo com o delegado, pelo menos dois pacientes teriam morrido em decorrência de erro no atendimento, uma mulher e uma criança de onze anos. “Há indícios que pacientes faleceram devido ao atendimento errado prestado pelos falsos médicos. Existem relatos também de danos psicológicos, porque os estudantes realizavam até exame de toque, inclusive em gestantes. Por isso, podem responder ainda por homicídio com dolo eventual e atentado grave ao pudor”, disse.
CRM quer investigar gestores
O diretor do Departamento de Fiscalização do Conselho Regional de Medicina (CRM-PB), Eurípedes Mendonça, considera muito suspeito o fato de seis falsos médicos atuarem em um único município e defende uma investigação aprofundada sobre envolvimento dos gestores públicos da cidade. “Nós lidamos com denúncias de falsos médicos corriqueiramente, mas seis atuando em uma cidade pequena, como é Paulista, é muito suspeito. Não se admite mais hoje em dia que ao contratar, uma autoridade não verifique a autenticidade da documentação do profissional no momento da contratação, sobretudo verificando o número do CRM”, disse.
Como a secretaria de saúde de paulista não entregou maiores informações sobre os falsos médicos, ao CRM, a Instituição pediu à Câmara Municipal de Paulista, informações sobre os suspeitos.
O delegado Roberto Barros já ouviu a secretária de Saúde do município de Paulista, Isis dos Santos Dantas. Ela nega envolvimento em uma suposta armação para contratar os estudantes e alega que por causa da precariedade de médicos disponíveis, não averiguou corretamente a documentação no momento da contratação.
Da redação com Sertão Informado e Fernanda Moura
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